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Imagem gerada por IA. |
As previsões de retração no turismo de negócios após a pandemia não se confirmaram. Em vez disso, os encontros presenciais mantiveram sua relevância e sustentaram uma retomada expressiva das viagens corporativas. Em 2024, o volume de visitas a negócios cresceu 19%, superando o aumento de 11% registrado no turismo de lazer. A expectativa atual é de que, até 2030, as viagens corporativas acumulem uma alta próxima a 50%, enquanto o segmento de lazer deve crescer pouco menos de 30% no mesmo período.
O bleisure tem papel central nesse avanço. A possibilidade de estender a viagem após os compromissos profissionais, aproveitando dias de folga para atividades turísticas, tornou-se uma opção viável e desejada para muitos profissionais. A disseminação do trabalho remoto ampliou essa flexibilidade, permitindo que os viajantes prolonguem a estadia e aumentem o gasto médio por viagem.
Esse novo padrão de comportamento já provoca impactos diretos no setor hoteleiro e no consumo. Segundo a Tourism Economics, o número de pernoites pagos superou os níveis de 2023 em 7% e os de 2019 em 16%. Além disso, a média de permanência em hotéis para viajantes internacionais aumentou 12% em 2024, revertendo uma tendência de queda registrada ao longo da década anterior.
O comportamento do consumidor também mudou. Em 2024, os gastos com viagens representaram 8,8% do consumo total em países desenvolvidos, acima da média de 8,2% entre 2010 e 2019. A valorização da experiência de viajar tornou-se um novo parâmetro de bem-estar, com crescimento mesmo em regiões onde a recuperação econômica foi mais gradual, como a Ásia-Pacífico.
Estudos adicionais reforçam o avanço do bleisure como política corporativa. Uma pesquisa global da YouGov, com 12 mil profissionais em nove países, mostrou que 66% já integraram lazer às viagens de trabalho — em 2022, esse número era de 53%. Outro levantamento, da Squaremouth, apontou que 43% dos trabalhadores já praticaram o bleisure e 24% pretendem adotá-lo nos próximos 12 meses.
As empresas, por sua vez, enxergam o bleisure como uma ferramenta de retenção e incentivo, promovendo equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Hotéis e redes internacionais passaram a investir em ambientes que integrem trabalho e lazer, com áreas de coworking, academias, espaços de relaxamento e conexão com a natureza.
Além dos benefícios econômicos, a prática também estimula um turismo mais sustentável. A preferência por viagens mais longas e menos frequentes — o chamado “slow travel” — favorece experiências mais imersivas, redução da pegada ambiental e fortalecimento das economias locais.
Com a expectativa de que as chegadas internacionais ultrapassem 1,5 bilhão em 2024 e atinjam 2 bilhões até 2030, o turismo global entra em uma nova fase. E o bleisure travel aparece como um elemento estruturante desse novo ciclo, redesenhando fronteiras entre trabalho, descanso e experiência de vida.
Redação