Fonte do Tambiá aguarda autorização judicial para início das obras de restauração em João Pessoa

A histórica Fonte do Tambiá, em João Pessoa, aguarda o início das obras de restauração / Foto: Fabiano Vidal

A restauração da histórica Fonte do Tambiá, em João Pessoa, aguarda apenas a autorização judicial para que as obras sejam iniciadas. O monumento tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1941 está escorado por estacas de madeira desde 2011, quando sofreu um desabamento parcial.

Em agosto de 2025, a Advocacia-Geral da União (AGU) participou de audiência de conciliação no Parque Zoobotânico Arruda Câmara que resultou em acordo para a restauração do patrimônio. O encontro contou com representantes do Iphan, da Prefeitura de João Pessoa, do Ministério Público Federal e do advogado Vandilo de Farias Brito Sobrinho, autor da Ação Popular pela restauração.

Segundo informações do superintendente do Iphan, Emanuel Braga, o acordo prevê dupla responsabilidade financeira: a Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de João Pessoa (SEMAM/PMJP) e a empresa Al Empreendimentos Paraíba, antiga Alphaville PB, deverão disponibilizar 50% cada uma do valor necessário para execução do restauro através de depósitos judiciais.

A empresa foi incluída no processo devido ao descumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2016, que previa a execução da obra de restauração da fonte. O acordo foi homologado pela Justiça Federal na Paraíba em agosto de 2025.

"Agora está na dependência do juiz bater o martelo para que os depósitos judiciais possam ser efetivados", explicou Emanuel Braga sobre o atual estágio do processo.

O acordo também estabelece que a Prefeitura de João Pessoa deverá executar medidas emergenciais para conter a degradação do monumento, incluindo revisão das contenções estruturais, estabilização de áreas com risco de desabamento, controle de infiltrações, remoção da vegetação invasiva e instalação de placas de sinalização, todas sob supervisão do Iphan.

A Fonte do Tambiá foi construída em 1782 por ordem da Provedoria da Fazenda Real e reconstruída em 1889. Segundo a lenda indígena, a fonte nasceu das lágrimas de Aipré, filha de um cacique Tabajara que foi designada para cuidar do guerreiro cariri Tambiá, capturado em combate. Durante o convívio, Aipré se apaixonou pelo prisioneiro, mas não conseguiu evitar sua morte ordenada pelo pai. Inconsolável pela perda do amado, a jovem chorou durante cinquenta luas, dando origem à nascente de água.

Durante mais de um século, suas três bicas de bronze garantiram o abastecimento de água para grande parte da população da capital paraibana, sendo substituída pelo sistema de água encanada apenas na década de 1920.

O monumento está localizado no Parque Arruda Câmara, criado em 1921 em homenagem ao botânico paraibano Manuel Arruda Câmara. Atualmente, a fonte encontra-se desativada, aguardando a decisão judicial final para que os recursos sejam liberados e as obras de restauração possam ser iniciadas.

Fabiano Vidal

Técnico em Turismo, Turismólogo, Jornalista, Especialista em Marketing e Publicidade, autor do livro "Do Tambaú ao Garden - A História Moderna do Turismo da Paraíba", agraciado com Voto de Aplausos e a Medalha de Mérito Turístico 2008, ambos concedidos pela Assembléia Legislativa da Paraíba.

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