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Turismo do sono é segmento em crescimento no setor de viagens / Foto de Andrea Piacquadio / Pexels |
Para a neurologista e especialista em medicina do sono, Anne Marie Morse, o avanço dessa prática sinaliza uma mudança cultural importante. A sociedade começa a reconhecer o valor do sono não apenas como um momento de repouso, mas como um pilar da saúde integral. Segundo ela, o crescimento do turismo do sono mostra que pessoas estão dispostas a investir tempo e dinheiro na qualidade do próprio descanso.
Contudo, Morse faz um alerta: o turismo do sono não substitui o acompanhamento médico especializado. Segundo a especialista, há uma diferença essencial entre proporcionar um ambiente ideal para o sono e tratar, de forma adequada, distúrbios como insônia crônica, apneia do sono ou transtornos do ritmo circadiano. "Dormir bem em um resort não significa que o problema foi resolvido. Muitas vezes, o sono melhora por causa da ausência temporária de estressores cotidianos, não porque houve uma intervenção clínica", explica.
Ela destaca ainda que, embora esses espaços ofereçam alívio momentâneo, é necessário olhar para estratégias de longo prazo. Uma solução apontada é o estabelecimento de parcerias entre os empreendimentos de hospitalidade e profissionais de saúde especializados. A integração entre hotelaria e medicina do sono pode não apenas ampliar a efetividade das experiências, mas também transformar a maneira como os hóspedes cuidam do próprio sono após voltarem à rotina.
A proposta, segundo Morse, não inviabiliza o modelo comercial. Pelo contrário, hóspedes que vivenciam mudanças reais em seus hábitos tendem a retornar e a valorizar a experiência de maneira mais profunda. Assim, o turismo do sono pode se consolidar como mais do que uma tendência de luxo: uma via complementar ao cuidado com a saúde, desde que ancorada em bases científicas e com acompanhamento profissional.
Redação