Segundo o WTTC, embora o turismo seja responsável por cerca de 10% do PIB mundial e 357 milhões de empregos em 2024, a falta de planejamento e de investimento em infraestrutura tem gerado pressões crescentes sobre cidades e regiões com alta demanda turística. O relatório destaca que muitos dos problemas atribuídos à “superlotação” de visitantes têm origem em falhas estruturais, como decisões políticas fragmentadas, ausência de dados confiáveis e estratégias públicas desconectadas da realidade local.
Entre as propostas apresentadas, o WTTC recomenda a criação de instâncias permanentes de governança que envolvam todos os setores interessados, a elaboração de diagnósticos com base em evidências, o monitoramento constante do impacto da atividade e o investimento transparente dos tributos arrecadados com o turismo. Atualmente, o setor gera mais de US$ 3,3 trilhões em arrecadação tributária global, o equivalente a 9,6% da receita de impostos em todo o mundo.
O relatório também adverte que ações restritivas imediatistas, como a limitação do número de visitantes ou a aplicação de taxas mal estruturadas, podem comprometer empregos e investimentos. O documento estima que, se 11 grandes cidades europeias implementassem tetos rígidos para entrada de turistas, o impacto acumulado em três anos poderia chegar a US$ 245 bilhões em perdas no PIB e quase 3 milhões de postos de trabalho eliminados.
Como exemplos positivos, o WTTC cita iniciativas como o consórcio público-privado de Barcelona, que aplica os princípios dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em sua política de turismo; o programa Travel to Tomorrow, da VisitFlanders, na Bélgica, que integra metas comunitárias ao turismo; e a gestão de cruzeiros em Dubrovnik, Croácia, com foco na redução de impactos e diálogo com a população. Também é destacado o caso da Islândia, que reinveste parte dos tributos turísticos diretamente na conservação ambiental.
A presidente do WTTC, Julia Simpson, enfatiza que o turismo, quando bem administrado, pode continuar gerando empregos, fortalecendo economias locais e promovendo a diversidade cultural. “Este não é um chamado para conter o turismo, mas para planejá-lo com responsabilidade e proteger o que torna cada destino único. É hora de investir em soluções de longo prazo que beneficiem moradores e visitantes”, afirmou.
Redação