Protestos nas Ilhas Canárias expõem crise provocada pelo turismo de massa

Imagem gerada por IA

Milhares de moradores das Ilhas Canárias foram às ruas neste domingo (18) para protestar contra os impactos do turismo de massa no arquipélago espanhol, que caminha para mais um ano de recorde de visitantes. Sob o lema "Canarias tiene un límite" ("As Ilhas Canárias têm um limite"), manifestações simultâneas ocorreram nas sete ilhas da região, exigindo mudanças profundas no modelo de desenvolvimento turístico.

Os protestos reuniram cerca de 7 mil pessoas em Tenerife, 3 mil em Gran Canaria, 1.500 em Lanzarote e mil em Fuerteventura, segundo autoridades locais. Os manifestantes carregavam faixas com mensagens como "As Canárias não estão à venda" e "Minha miséria é o seu paraíso", denunciando a degradação ambiental, a crise habitacional e a sobrecarga de infraestrutura provocadas pela presença anual de cerca de 18 milhões de turistas — em uma região com pouco mais de 2,2 milhões de habitantes.

Entre as principais reivindicações estão o congelamento de novas construções turísticas, a demolição de empreendimentos considerados ilegais, como os projetos hoteleiros Cuna del Alma e La Tejita, a imposição de um imposto significativo sobre o turismo, a regulamentação de aluguéis de curta duração e a limitação da compra de imóveis por estrangeiros. Os moradores apontam a proliferação de imóveis tipo Airbnb como um dos fatores para o aumento do custo de vida e a escassez de habitação acessível.

O impacto nas comunidades locais vai além da economia. Há relatos de praias interditadas por contaminação de esgoto e de congestionamentos causados pela alta circulação de turistas. Muitos visitantes disseram ter evitado sair dos hotéis durante os protestos por receio de confrontos, apesar do caráter pacífico das manifestações.

O governo regional, por meio do ministro do Turismo de Tenerife, Lope Alfonso, anunciou a intenção de dialogar com os ativistas para "alcançar um equilíbrio entre os interesses de residentes e turistas". No entanto, a plataforma organizadora dos protestos rejeitou o convite, alegando falta de ações concretas e exigindo respostas imediatas.

A insatisfação popular reflete também no setor econômico. Segundo Santiago Sese, presidente da Câmara de Comércio das Ilhas Canárias, as reservas de turistas britânicos para o verão caíram 8% em relação ao ano anterior, em um contexto de crescente rejeição à imagem de turismo predatório que vem sendo associada à região.

Os protestos nas Ilhas Canárias se inserem em um movimento mais amplo de resistência ao turismo descontrolado em diversas regiões da Espanha, expondo o desafio de equilibrar os benefícios econômicos com a preservação ambiental e a qualidade de vida dos moradores locais.

Redação

Fabiano Vidal

Técnico em Turismo, Turismólogo, Jornalista, Especialista em Marketing e Publicidade, autor do livro "Do Tambaú ao Garden - A História Moderna do Turismo da Paraíba", agraciado com Voto de Aplausos e a Medalha de Mérito Turístico 2008, ambos concedidos pela Assembléia Legislativa da Paraíba.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem