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Imagem gerada por IA |
Os protestos reuniram cerca de 7 mil pessoas em Tenerife, 3 mil em Gran Canaria, 1.500 em Lanzarote e mil em Fuerteventura, segundo autoridades locais. Os manifestantes carregavam faixas com mensagens como "As Canárias não estão à venda" e "Minha miséria é o seu paraíso", denunciando a degradação ambiental, a crise habitacional e a sobrecarga de infraestrutura provocadas pela presença anual de cerca de 18 milhões de turistas — em uma região com pouco mais de 2,2 milhões de habitantes.
Entre as principais reivindicações estão o congelamento de novas construções turísticas, a demolição de empreendimentos considerados ilegais, como os projetos hoteleiros Cuna del Alma e La Tejita, a imposição de um imposto significativo sobre o turismo, a regulamentação de aluguéis de curta duração e a limitação da compra de imóveis por estrangeiros. Os moradores apontam a proliferação de imóveis tipo Airbnb como um dos fatores para o aumento do custo de vida e a escassez de habitação acessível.
O impacto nas comunidades locais vai além da economia. Há relatos de praias interditadas por contaminação de esgoto e de congestionamentos causados pela alta circulação de turistas. Muitos visitantes disseram ter evitado sair dos hotéis durante os protestos por receio de confrontos, apesar do caráter pacífico das manifestações.
O governo regional, por meio do ministro do Turismo de Tenerife, Lope Alfonso, anunciou a intenção de dialogar com os ativistas para "alcançar um equilíbrio entre os interesses de residentes e turistas". No entanto, a plataforma organizadora dos protestos rejeitou o convite, alegando falta de ações concretas e exigindo respostas imediatas.
A insatisfação popular reflete também no setor econômico. Segundo Santiago Sese, presidente da Câmara de Comércio das Ilhas Canárias, as reservas de turistas britânicos para o verão caíram 8% em relação ao ano anterior, em um contexto de crescente rejeição à imagem de turismo predatório que vem sendo associada à região.
Os protestos nas Ilhas Canárias se inserem em um movimento mais amplo de resistência ao turismo descontrolado em diversas regiões da Espanha, expondo o desafio de equilibrar os benefícios econômicos com a preservação ambiental e a qualidade de vida dos moradores locais.
Redação