Destinos turísticos intensificam ações para conter os impactos do turismo de massa

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O avanço do turismo de massa tem provocado uma série de impactos negativos em destinos populares ao redor do mundo. Cidades históricas, praias e regiões naturais enfrentam sobrecarga em sua infraestrutura, pressões sociais e ambientais, e crescente insatisfação das comunidades locais. A retomada acelerada das viagens após a pandemia apenas agravou esse cenário, reacendendo debates sobre os limites e consequências da atividade turística em larga escala.

Cidades como Veneza, Barcelona, Amsterdã, Lisboa e Dubrovnik se tornaram símbolos da saturação turística. Em Veneza, que recebe cerca de 30 milhões de visitantes por ano para uma população de menos de 50 mil moradores no centro histórico, medidas como a cobrança de taxa de entrada (que passará de 5 para 10 euros para visitantes não registrados) e a restrição a cruzeiros no centro vêm sendo adotadas. Barcelona, por sua vez, anunciou o fim gradual de cerca de 10 mil licenças de aluguel de temporada até 2028, numa tentativa de aliviar o mercado imobiliário e garantir moradia para seus residentes.

Outros exemplos incluem Amsterdã, que baniu a construção de novos hotéis e estabeleceu um limite de 20 milhões de visitantes por ano; Praga, que proibiu rotas de bares e fantasias em áreas turísticas; e Hallstatt, na Áustria, que ergueu barreiras físicas para conter a aglomeração de turistas em pontos populares de fotos. No Japão, o acesso ao Monte Fuji está sendo controlado com cobrança de taxas mais altas e limite diário de visitantes.

Além dos centros urbanos, regiões insulares e parques naturais também estão sob pressão. As Ilhas Galápagos, no Equador, dobraram a taxa de entrada para visitantes; Bali, na Indonésia, instituiu uma taxa para reduzir a chegada de mochileiros; e a Acrópole de Atenas limitou a entrada a 20 mil pessoas por dia.

Especialistas ressaltam que o turismo de massa não é apenas uma questão de volume de visitantes, mas de má gestão, políticas permissivas e estrutura urbana inadequada. As consequências vão desde o aumento do custo de vida e especulação imobiliária até a descaracterização cultural e ambiental dos destinos. Embora o turismo seja uma importante fonte de renda — representando cerca de 10% do PIB da União Europeia — os benefícios não têm sido distribuídos de forma equitativa entre as comunidades locais.

Entre as estratégias discutidas estão a diversificação de destinos, o estímulo ao turismo de menor impacto, a limitação de visitantes e a promoção de um modelo baseado em qualidade, e não quantidade. Contudo, a substituição do turismo de massa por visitantes de maior poder aquisitivo também levanta preocupações sobre gentrificação e aumento das desigualdades.

A discussão sobre o futuro do turismo exige respostas coordenadas entre governos, empresas e viajantes. Além de medidas concretas de regulação, é essencial repensar a lógica de crescimento contínuo que sustenta o setor. O turismo sustentável não será alcançado sem reconhecer os limites físicos e sociais dos destinos e garantir que as comunidades anfitriãs sejam ouvidas e beneficiadas.

Redação

Fabiano Vidal

Técnico em Turismo, Turismólogo, Jornalista, Especialista em Marketing e Publicidade, autor do livro "Do Tambaú ao Garden - A História Moderna do Turismo da Paraíba", agraciado com Voto de Aplausos e a Medalha de Mérito Turístico 2008, ambos concedidos pela Assembléia Legislativa da Paraíba.

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