Foto: Alexandre Saraiva Carniato (Pexels) |
Apesar de toda a desconfiança, os investimentos no setor nunca cessaram, e João Pessoa ganhou novos hotéis e restaurantes, além de empreendimentos voltados para atender bem à população e aos turistas, quase sempre oriundos de Recife e Natal. Pela proximidade entre as cidades, esses visitantes procuravam a capital paraibana, que se destacava pela tranquilidade, apresentando-se como um destino ideal para quem buscava fugir da agitação das grandes capitais. Os turistas, em sua maioria, eram casais e famílias que valorizavam um ritmo mais lento, algo que João Pessoa oferecia com maestria.
Com o passar dos anos, João Pessoa ganhou força em um setor que, até então, não tinha relevância: o turismo de eventos. A chegada do João Pessoa Convention & Visitors Bureau, da Estação Ciência Cabo Branco e do Centro de Convenções Ronaldo Cunha Lima permitiu não apenas combater a sazonalidade do setor, mas também colocar João Pessoa em destaque nesse mercado. Isso manteve o turismo aquecido mesmo após o fim do período de férias dos turistas de lazer, possibilitando o crescimento de empresas e novos investimentos no turismo.
A retomada do Polo Turístico Cabo Branco, com a instalação de novos hotéis que prometem dobrar a capacidade hoteleira de João Pessoa, recolocou, por assim dizer, a capital no mapa turístico brasileiro, destacando-a como um dos principais destinos turísticos do Nordeste. O fluxo de turistas cresceu exponencialmente, com visitantes de diversas partes do Brasil e do mundo desembarcando à procura de suas praias deslumbrantes, gastronomia singular e experiências culturais autênticas.
No entanto, é importante frisar que, se agora João Pessoa é uma realidade no cenário turístico brasileiro, cresce, junto com o número de turistas, a responsabilidade do trade turístico, da Prefeitura, do Governo do Estado e da sociedade civil de debater o planejamento do turismo para as próximas décadas. Isso é essencial para que esta atividade, que tantos benefícios traz para o desenvolvimento da economia, gerando empregos diretos e indiretos, não se torne predatória, vítima de um turismo de massa que pode, por exemplo, impactar negativamente atrativos naturais como Picãozinho.
Nesse sentido, o turismo deve ser compreendido como uma política pública, planejada no presente com vistas ao futuro, para que seja uma atividade sustentável e um dos pilares da economia local. Com essa finalidade em mente, é fundamental que as autoridades invistam em soluções que harmonizem os interesses de turistas e moradores. Medidas como o controle da especulação imobiliária e a promoção de um turismo inclusivo e sustentável podem ser o caminho para evitar que o crescimento do setor se torne um fardo para a população.
João Pessoa já provou que pode ser mais do que uma promessa; hoje, é uma realidade no mapa turístico nacional. Resta agora encontrar o equilíbrio entre o progresso e a preservação do que a torna tão especial: sua combinação única de beleza, acolhimento e qualidade de vida.
Fabiano Vidal é Turismólogo, Jornalista de Turismo, Doutor em Ciência da Informação e ex-presidente da ABRAJET-PB (2020-2022)
Análise muito boa e, como você disse, observando a sustentabilidade
ResponderExcluir