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| Praia de Toscana, Itália / Foto de Ilo Frey / Pexels |
O desenvolvimento da infraestrutura turística contribui para o agravamento da situação costeira. O setor turístico italiano, responsável por mais de €200 bilhões em receitas anuais, concentrou edificações em zonas costeiras vulneráveis, incluindo hotéis, resorts e estruturas de apoio que interferem na dinâmica natural de transporte de sedimentos. "O excesso de infraestrutura turística cria uma situação prejudicial, não apenas aumentando a pressão sobre as praias, mas também limitando a capacidade de adaptação natural dos ecossistemas", afirmam os autores do estudo. Estruturas de proteção costeira como muros marítimos e barreiras, originalmente construídas para defender as praias, frequentemente produzem efeitos contraproducentes ao interromper o fluxo natural de sedimentos ao longo da costa.
As áreas de maior vulnerabilidade incluem destinos turísticos consolidados como a costa norte do Adriático, a Península de Gargano em Puglia (reconhecida pela UNESCO), as praias da Maremma na Toscana, o litoral vulcânico do Lazio próximo a Roma e o Golfo de Nápoles na Campânia. A Sardenha também apresenta riscos significativos, com extensas áreas ao redor de Cagliari e Oristano sob ameaça. O Delta do Pó enfrenta desafios particulares, sendo responsável por um quarto da produção europeia de arroz arbóreo e estando vulnerável à salinização da água de irrigação, processo que pode tornar o solo agriculturalmente improdutivo e comprometer a segurança alimentar regional.
O relatório propõe estratégias de adaptação baseadas em soluções naturais como alternativa às estruturas rígidas de engenharia costeira. Os pesquisadores recomendam processos de "renaturação" através da restauração de ecossistemas como manguezais, sistemas dunares e recifes de ostras, que funcionam como barreiras naturais capazes de absorver energia das ondas e reter sedimentos. O estudo também sugere a implementação de "retirada estratégica", envolvendo a redução gradual do desenvolvimento em áreas de alto risco e a relocação de infraestruturas críticas. "Soluções baseadas na natureza podem reconstruir a resiliência em áreas onde estruturas de concreto se mostraram inadequadas", concluem os autores. A União Europeia disponibiliza recursos através do Green Deal e do Plano Nacional de Recuperação e Resiliência (PNRR), mas o relatório enfatiza que a implementação de ações coordenadas imediatas é fundamental para a preservação das costas italianas para as próximas gerações.
