Cannes impõe limite de 1.000 passageiros por navio de cruzeiro para combater turismo de massa

Cannes, Provence-Alpes-Côte d'Azur / Foto de Mike Kit / Pexels

A cidade francesa de Cannes aprovou na sexta-feira novas regulamentações para navios de cruzeiro que entram em seus portos, tornando-se mais um destino europeu famoso a adotar medidas contra o turismo de massa. As restrições entram em vigor em 1º de janeiro de 2026.

A partir da nova data, apenas embarcações com menos de 1.000 passageiros poderão atracar no porto de Cannes. Além disso, foi estabelecido um limite máximo de 6.000 pessoas desembarcando diariamente na cidade. Navios maiores deverão transferir seus passageiros para embarcações menores para permitir o acesso à famosa Riviera Francesa.

O prefeito David Lisnard explicou que a medida não visa banir os cruzeiros, mas sim regular e organizar o fluxo de visitantes. "Cannes se tornou um importante destino de navios de cruzeiro, com reais benefícios econômicos. Não se trata de proibir navios de cruzeiro, mas de regular, organizar e estabelecer diretrizes para sua navegação", declarou em comunicado oficial.

No domingo seguinte à votação, dois navios de cruzeiro estavam programados para atracar em Cannes, ambos excedendo significativamente o novo limite, com capacidade combinada superior a 7.000 pessoas.

A decisão coloca Cannes ao lado de outras cidades europeias que implementaram restrições similares. Nice, cidade vizinha, anunciou limitações para navios de cruzeiro no início deste ano. Veneza, Barcelona e Amsterdã também estabeleceram medidas restritivas.

A França, que recebeu 100 milhões de visitantes no ano passado, superando qualquer outro país europeu e sua própria população, está na vanguarda dos esforços para equilibrar os benefícios econômicos do turismo com preocupações ambientais e o gerenciamento de multidões crescentes.

Os protestos contra o turismo de massa se espalharam por diversas cidades europeias. Em Barcelona, moradores utilizaram pistolas de água em manifestações para destacar como o excesso de visitantes aumenta os custos habitacionais e desloca a população local. Em Veneza, ativistas protestaram durante um casamento de alto perfil para evidenciar a desigualdade social e o impacto do turismo de massa na cidade.

Até mesmo Paris enfrentou problemas relacionados ao turismo de massa. Na segunda-feira, funcionários do Louvre entraram em greve para protestar contra condições de trabalho consideradas "insustentáveis", "falta crônica de pessoal" e "multidões incontroláveis" causadas pelo turismo de massa.

As operadoras de cruzeiros classificaram essas restrições como prejudiciais tanto para os destinos quanto para os passageiros, mas as cidades continuam priorizando a qualidade de vida dos moradores locais sobre os interesses comerciais do setor turístico.

Redação

Fabiano Vidal

Técnico em Turismo, Turismólogo, Jornalista, Especialista em Marketing e Publicidade, autor do livro "Do Tambaú ao Garden - A História Moderna do Turismo da Paraíba", agraciado com Voto de Aplausos e a Medalha de Mérito Turístico 2008, ambos concedidos pela Assembléia Legislativa da Paraíba.

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