Selfies fatais: O Turismo em tempos de likes e riscos reais

Qual o limite na busca de fotos perfeitas para as redes sociais?

A busca por cliques perfeitos nas redes sociais tem levado turistas a ultrapassar limites perigosos em nome de curtidas e engajamento. A exposição nas plataformas digitais tornou-se, para muitos, mais importante que a própria segurança. O resultado, porém, tem sido trágico: mortes acidentais em locais turísticos arriscados estão cada vez mais frequentes.

Perigo à beira da lente

Em maio deste ano, um turista britânico caiu de um prédio nas Ilhas Canárias após tentar registrar uma selfie no topo de um hotel. Ele havia subido em uma estrutura sem proteção adequada durante a madrugada. O impacto foi fatal. Poucos dias antes, um cidadão norte-americano sofreu sérios ferimentos ao despencar de uma grade no Coliseu, em Roma, ao tentar captar uma imagem panorâmica em uma área restrita.

Esses não são casos isolados. Em destinos asiáticos, especialmente em regiões costeiras e de mergulho, como na Indonésia, também se acumulam relatos de visitantes que subestimam os perigos. Uma turista chinesa morreu afogada ao tentar recuperar sua câmera em alto-mar, ignorando alertas sobre as correntes fortes.

O esforço das autoridades

Diante dessa tendência, algumas cidades e países passaram a tomar medidas concretas. Mumbai, na Índia, delimitou zonas onde selfies estão proibidas, incluindo áreas costeiras e pontes com alto índice de acidentes. Na Rússia, uma campanha pública foi criada para alertar sobre os riscos de fotos imprudentes, após uma série de mortes envolvendo jovens em busca da selfie perfeita.

Além disso, guias turísticos, órgãos de segurança e até plataformas digitais vêm tentando promover a conscientização sobre os limites entre o turismo responsável e o comportamento de risco. Alguns influenciadores têm se engajado em campanhas que desencorajam desafios extremos e promovem a valorização da experiência, e não apenas da imagem.

Conscientizar é prioridade

Para especialistas em turismo e segurança pública, a prioridade deve ser informar e prevenir. O fascínio por registros visuais é compreensível, mas não pode superar o instinto de preservação. Orientações locais, sinalizações e instruções de segurança precisam ser respeitadas — e ampliadas, sempre que necessário.

O fenômeno das “selfies fatais” é um reflexo do tempo em que vivemos, mas também um alerta: nenhuma imagem vale a perda de uma vida. Em tempos digitais, a responsabilidade no turismo é mais do que nunca um dever coletivo.

Redação

Fabiano Vidal

Técnico em Turismo, Turismólogo, Jornalista, Especialista em Marketing e Publicidade, autor do livro "Do Tambaú ao Garden - A História Moderna do Turismo da Paraíba", agraciado com Voto de Aplausos e a Medalha de Mérito Turístico 2008, ambos concedidos pela Assembléia Legislativa da Paraíba.

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