Turismo de Terroir ganha força no Brasil e impulsiona economia local com produtos de origem

Foto de Grape Things (Pexels)

O conceito de "Terroir" — tradicionalmente associado ao vinho francês — vem se consolidando como um dos pilares do turismo regional no Brasil, unindo produção agrícola, identidade cultural e experiências autênticas. Em um país de dimensões continentais, o termo abrange fatores como solo, clima, práticas culturais e saberes tradicionais, conferindo singularidade a produtos como queijos, vinhos, cafés, cachaças e doces artesanais.

Hoje, o Brasil conta com 132 produtos com Indicação Geográfica (IG), certificação concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) que reconhece a procedência e as características específicas associadas ao local de origem. Desde o primeiro selo de IG, concedido ao Vale dos Vinhedos (RS) em 2002, o número de registros cresce de forma contínua: somente entre 2022 e 2024 foram protocolados 74 novos pedidos.

Essa valorização de produtos de origem tem ampliado o alcance do turismo de experiência. Regiões como a Serra da Canastra (MG), conhecida por seus queijos artesanais, o Cerrado Mineiro (MG), referência em cafés especiais, e Paraty (RJ), com sua cachaça tradicional, têm atraído turistas em busca de vivências que conectam sabor, história e natureza. A consequência direta é o fortalecimento da economia local, geração de empregos e preservação de práticas sustentáveis e tradições culturais.

Eventos como o Connection Terroirs do Brasil, que ocorre entre 28 e 31 de maio em Gramado (RS), reforçam essa tendência. Considerado a maior vitrine de produtos com IG do país, o evento reúne degustações, palestras, feira de produtos artesanais e painéis com especialistas. Um dos destaques é o professor Luiz Tejon, especialista em agronegócio, que defende a importância de o Brasil investir mais na promoção do terroir como identidade nacional. “Tudo é terroir. O mundo quer sabor, origem e autenticidade”, afirmou.

Além do apelo turístico, as IGs agregam valor aos produtos, aumentam a competitividade internacional e promovem o manejo sustentável. O reconhecimento oficial estimula o desenvolvimento de roteiros temáticos e reforça o Brasil no cenário do turismo gastronômico e cultural global.

No entanto, ainda há desafios: falta de divulgação adequada, infraestrutura precária em áreas rurais e o desconhecimento do público em relação ao conceito. Especialistas acreditam que, com políticas de incentivo e maior visibilidade, o país pode expandir significativamente esse mercado.

O turismo de terroir, portanto, não só promove sabores e tradições, mas também reposiciona o Brasil como destino de experiências únicas, enraizadas em sua diversidade territorial.