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| Londres / Foto de Caio Cezar / Pexels |
As mudanças climáticas assumem papel central nessa reconfiguração. No Mediterrâneo, ondas de calor acima de 40°C afastam famílias e idosos no verão, deslocando a procura para meses mais amenos, como primavera e outono. Regiões mais frescas da Europa setentrional e áreas de montanha ganham protagonismo. Já ilhas de baixa altitude e destinos litorâneos enfrentam desgaste de imagem devido à erosão costeira e ao aumento da severidade das tempestades, o que força governos e empresas a comunicar ações de adaptação, como recuperação de manguezais e estruturas resistentes a ciclones.
O contexto geopolítico acrescenta outra camada de pressão. A guerra em Gaza interrompeu a retomada de países tradicionalmente ligados ao turismo religioso e histórico, como Israel, Palestina, Jordânia e Egito. Operadoras suspenderam itinerários, e mesmo regiões consideradas seguras precisam reforçar protocolos, oferecer atualizações constantes e flexibilizar políticas de cancelamento para retomar a confiança do público. A inflação persistente, por sua vez, encurta viagens e torna o turista mais seletivo, priorizando “valor pelo dinheiro” e adiando decisões de compra.
O comportamento do viajante também passa por transformação. Experiências que envolvem pets, roteiros inspirados em produções audiovisuais e hotéis com alto grau de personalização digital se consolidam como tendências comerciais relevantes. Tecnologias antes vistas como curiosidade — como robotáxis, restaurantes automatizados e visitas a fazendas verticais — tornam‑se atrações por si só. Para especialistas, os destinos mais bem posicionados em 2026 serão aqueles que usam dados climáticos para planejar, comunicam tensões políticas com clareza e garantem que moradores e visitantes se beneficiem das atividades turísticas. O setor avança em números, mas seu legado, segundo a análise, estará no fortalecimento de conexões culturais genuínas entre quem viaja e quem recebe.
