Turismo brasileiro articula cooperação internacional e desenvolvimento territorial em estratégia integrada

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O setor turístico brasileiro demonstra crescente articulação entre políticas de internacionalização e desenvolvimento territorial, evidenciada pela convergência de iniciativas que abrangem desde parcerias bilaterais tradicionais até programas inovadores de cooperação técnica e criação de rotas regionais. Esta semana consolidou três movimentos estratégicos que ilustram a maturação do planejamento turístico nacional: o fortalecimento das relações luso-brasileiras através do Fórum Atlântico programado para 11 de novembro, a abertura de novos mercados europeus via programa alemão de sustentabilidade e a estruturação de produtos turísticos territoriais no Tocantins.

O Fórum Atlântico de Turismo e Investimento, que será realizado em 11 de novembro no Tivoli Mofarrej São Paulo Hotel, contextualiza-se no cenário de intensificação dos fluxos de investimento brasileiro em Portugal, que registraram crescimento médio de 12% ao ano nos últimos quatro anos. Esta dinâmica posiciona o Brasil como segunda maior origem de capital externo europeu investindo em território português, concentrando-se nos setores imobiliário, hoteleiro, tecnológico e industrial - segmentos que encontram paralelo nas estratégias de diversificação da oferta turística brasileira. Paulo Campos Costa, presidente da Fundação Luso-Brasileira, enfatizou que "o turismo e o investimento são vetores estratégicos para o desenvolvimento sustentável", perspectiva que se alinha com as tendências globais de responsabilidade socioambiental que também orientam a parceria Embratur-IPD.

A assinatura do Memorando de Entendimento entre Embratur e Import Promotion Desk na WTM Londres representa a extensão desta lógica de cooperação internacional para o mercado alemão, com foco específico no turismo sustentável amazônico. O IPD, programa governamental alemão que conecta fornecedores de 21 países a mercados europeus, selecionou cinco empresas do Amazonas e Pará para acompanhamento técnico trienal, oferecendo capacitação empresarial, desenvolvimento de produtos e participação em feiras internacionais. Esta iniciativa complementa as estratégias de valorização de recursos endógenos que também fundamentam a criação das rotas turísticas no Tocantins, demonstrando como diferentes escalas territoriais podem ser articuladas em políticas de desenvolvimento turístico. Marcelo Freixo, presidente da Embratur, destacou que "a Amazônia possui um potencial incrível, com produtos de ecoturismo, turismo de base comunitária e experiências culturais ricas", conceitos que ecoam na estruturação das rotas tocantinenses.

A aprovação das rotas turísticas do Capim Dourado e das Serras Gerais no Tocantins pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo completa este quadro de articulação territorial ao aplicar princípios similares de valorização de recursos específicos e desenvolvimento comunitário em escala regional. A Rota do Capim Dourado valoriza um recurso natural que constitui simultaneamente ativo econômico e símbolo cultural das comunidades quilombolas, enquanto a Rota das Serras Gerais estrutura-se sobre patrimônio natural e histórico para segmentos de turismo de aventura e cultura. A senadora Dorinha Seabra observou que diversos municípios contemplados apresentam baixos indicadores socioeconômicos, evidenciando como o turismo pode funcionar como vetor de transformação territorial tanto em contextos amazônicos quanto cerradeiros, conectando-se às estratégias de sustentabilidade que orientam as parcerias internacionais.

Fabiano Vidal

Técnico em Turismo, Turismólogo, Jornalista, Especialista em Marketing e Publicidade, autor do livro "Do Tambaú ao Garden - A História Moderna do Turismo da Paraíba", agraciado com Voto de Aplausos e a Medalha de Mérito Turístico 2008, ambos concedidos pela Assembléia Legislativa da Paraíba.

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