OpenAI projeta futuro do turismo com IA enquanto especialistas alertam sobre riscos

Imagem gerada por IA.

O presidente do Conselho da OpenAI, Bret Taylor, compartilhou sua visão sobre como a inteligência artificial vai transformar o setor de viagens durante o Skift Global Fórum. Segundo o executivo, agentes de IA podem introduzir experiências digitais que se aproximam das experiências humanas de alto nível que definem ótimas viagens.

Taylor relatou sua própria experiência usando IA para planejar uma viagem familiar à Europa no verão. "Minha família fez uma viagem à Europa neste verão, e eu planejei tudo no ChatGPT. Tudo o que fizemos em Copenhague foi sugerido pelo ChatGPT - onde nos hospedamos, o que visitamos, quais museus visitamos, e foi uma experiência excepcional", disse no evento.

O executivo acredita que o setor evoluiu desde a era das agências de viagens tradicionais, que agora assumiram uma nova forma. "Essa agência de viagens agora é uma IA. E cada consumidor, cada pequeno grupo viajando a trabalho, cada viajante corporativo, vai utilizar a IA para decidir o que fazer quando viaja", afirmou.

Além do chat por texto, Taylor destacou que a comunicação por voz pode ser ainda mais importante no longo prazo. "O telefone permanece. É realmente o último canal que não foi digitalizado até agora. Com a nossa plataforma, temos empresas realizando testes A/B em suas conversas telefônicas", explicou.

Para o futuro próximo, o executivo prevê uma experiência multimodal que incluirá vídeo. "Agora temos agentes com os quais você pode falar por voz, e isso realmente proporcionará uma experiência multimídia. Se você quiser mostrar um carrossel de quartos ou carros disponíveis, por exemplo, você pode misturar e combinar modos", disse.

Riscos da IA no planejamento de viagens

Contudo, especialistas alertam sobre os perigos do uso de IA para organizar viagens. Miguel Ángel Gongora Meza, fundador da Evolution Treks Peru, relatou um caso preocupante envolvendo dois turistas que seguiram informações geradas por IA sobre um destino inexistente.

"Eles me mostraram a cópia de tela, redigida de forma convincente e repleta de adjetivos fulgurantes. Mas não é verdade. O Cânion Sagrado de Humantay não existe", contou Gongora Meza. Os turistas pagaram cerca de 850 reais para chegar a uma estrada rural sem guia nem destino real.

Uma pesquisa indica que 30% dos turistas internacionais passaram a usar ferramentas de IA generativa para organizar viagens. Porém, 37% das pessoas que usaram IA relataram que ela não conseguia fornecer informações suficientes, enquanto 33% afirmaram que as recomendações incluíam informações falsas.

O professor Rayid Ghani, da Universidade Carnegie Mellon, explica que programas como o ChatGPT podem parecer úteis, mas a forma como obtêm informações faz com que nunca se tenha certeza total sobre a veracidade. "Ele não sabe a diferença entre conselhos de viagem, orientações ou receitas. Ele só conhece palavras", disse.

O papel humano permanece essencial

Em meio a essas transformações, Ana Carolina Medeiros, presidente da Abav Nacional, defende que o agente de viagens continua indispensável. "Nem toda informação se traduz em experiência. Um roteiro automatizado pode indicar boas opções, mas não conhece a história da família que vai viajar", afirmou.

A Abav Expo 2025, que acontece de 08/10/2025 a 10/10/2025 no Rio de Janeiro, reunirá mais de 42 mil visitantes e 2 mil marcas expositoras para debater o equilíbrio entre tecnologia e humanidade no turismo.

Fabiano Vidal

Técnico em Turismo, Turismólogo, Jornalista, Especialista em Marketing e Publicidade, autor do livro "Do Tambaú ao Garden - A História Moderna do Turismo da Paraíba", agraciado com Voto de Aplausos e a Medalha de Mérito Turístico 2008, ambos concedidos pela Assembléia Legislativa da Paraíba.

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