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Vítor Hugo, Secretário de Turismo de João Pessoa. Foto: Fabiano Vidal |
Confira a entrevista:
Secretário Vitor Hugo, no seu entendimento, quais os principais fatores que contribuíram para o aumento do número de turistas em João Pessoa nos últimos anos?
Para mim, o aumento do número de turistas é muito em função dos investimentos realizados pelo prefeito Cícero Lucena. Entendemos que o turismo se estrutura em pilares essenciais: infraestrutura, mobilidade urbana, paisagismo, meio ambiente e, principalmente, segurança. O fortalecimento do turismo é um trabalho valoroso que colhe os frutos desses investimentos. Além disso, a participação da Secretaria de Turismo em grandes feiras nacionais e internacionais, como a recente em Portugal, é fundamental. Nesses eventos, estabelecemos parcerias estratégicas com empresas aéreas e promovemos ativamente a cidade de João Pessoa e o estado da Paraíba.
Com o aumento do número de turistas, foi percebida uma piora no trânsito da cidade. Quais medidas estão sendo planejadas para melhorar a fluidez durante a alta estação?
De fato, enfrentamos o desafio de obras estruturantes importantes, como a triplicação da BR, sob responsabilidade do DNIT, que impacta a fluidez há mais de 10 anos. Embora essas construções de viadutos causem transtornos momentâneos, há a promessa do DNIT de conclusão nos próximos dois anos, o que deve melhorar o fluxo de veículos. Somado a isso, obras de drenagem e saneamento básico do governo do estado em vias cruciais, como na Tancredo Neves, também geraram gargalos no trânsito. No entanto, são intervenções necessárias para o crescimento da cidade. Acreditamos que essa infraestrutura viária será resolvida em breve e apostamos em projetos de trânsito que trarão benefícios futuros para a população.
No seu ponto de vista, o desenvolvimento turístico de João Pessoa tem sido afetado pela especulação imobiliária?
Não considero que a especulação imobiliária afete negativamente o desenvolvimento turístico. Pelo contrário, acredito que ela é uma consequência natural do crescimento. Tive a experiência como prefeito de Cabedelo por dois mandatos e percebi que quando há investimentos significativos em urbanização, orla e segurança – o que Cícero Lucena tem feito em João Pessoa – a especulação imobiliária tende a aumentar e os imóveis se valorizam. Atualmente, João Pessoa é vista como uma das orlas mais valorizadas do Brasil e do Nordeste, o que reflete diretamente o sucesso do turismo na capital, em parceria com o governo do estado.
Ao mesmo tempo que João Pessoa tem repercutido nacionalmente como destino turístico de destaque, notícias de problemas ambientais, como o lançamento de esgoto nas principais praias, têm sido veiculadas na mídia. O que é necessário para solucionar esse problema que tanto tem preocupado os profissionais do turismo?
Embora a questão do lançamento de esgoto seja uma pauta do meio ambiente, a Secretaria de Meio Ambiente, liderada pelo secretário Elíseo, tem combatido ativamente as ligações clandestinas, que são a causa clara da poluição em nossas praias. Como Secretaria de Turismo, acompanhamos essa situação de perto, diariamente, buscando a resolução o mais breve possível. Um dos principais focos de poluição em nossas praias, percebemos, é o Rio Jaguaribe. Há uma necessidade de ação conjunta para resolver esse problema de forma definitiva, envolvendo o governo do estado e os municípios da região metropolitana, como João Pessoa, Cabedelo e Santa Rita, desde a nascente do rio até a sua foz em Intermares. É um esforço que precisa ser feito em diversas frentes para acabar com a poluição do Rio Paraíba e do Rio Jaguaribe.
Secretário, há algum tempo, o prefeito Cícero Lucena mencionou um projeto de engorda das praias de João Pessoa. O projeto ainda está em pauta? Como a prefeitura tem analisado a questão da engorda em Natal, por exemplo, que mostrou alguns problemas?
O caso de Natal evidenciou que projetos de engorda sem planejamento adequado podem ser prejudiciais, como os problemas observados em Ponta Negra relacionados à drenagem e ao acesso à praia. Em João Pessoa, o prefeito Cícero Lucena considera que um projeto de engorda poderia ser benéfico, mas atualmente há um termo de acordo entre os municípios costeiros da região metropolitana sob a coordenação do Ministério Público Federal e entidades de credibilidade, como a Universidade Federal da Paraíba e organizações de preservação ambiental. Este projeto, chamado Preamar, está em fase final de elaboração e deve ser apresentado ainda este ano em sua primeira etapa. Ele visa realizar intervenções tecnicamente embasadas para conter o avanço da maré, priorizando locais com estudos aprofundados. Nem a prefeitura de João Pessoa nem as demais cidades praianas realizarão intervenções, especialmente no Bairro do Bessa, sem a apresentação e análise do projeto Preamar, a fim de garantir ações localizadas que minimizem impactos a cidades vizinhas e ao meio ambiente. O projeto Preamar indicará as intervenções precisas para solucionar esses problemas.
Sobre o segmento de turismo de eventos, há algum planejamento da Setur para esse setor que ajuda a combater a sazonalidade do turismo de lazer?
O turismo de eventos é de suma importância. Para este ano, estamos planejando, e lhe revelamos em primeira mão, trazer o Natal Luz de Gramado para a segunda quinzena de novembro e a primeira quinzena de dezembro. Este evento, que será realizado no Parque da Lagoa, busca aumentar a ocupação hoteleira nesses meses de menor movimento. O Natal Luz de Gramado atrai milhões de visitantes, e parte significativa vem de estados próximos como Rio Grande do Norte e Pernambuco. Ao trazer o evento para João Pessoa, esperamos atrair esse público regional.
Adicionalmente, estamos programando o pré-São João para o final de maio, inspirados no sucesso do pré-Carnaval. O objetivo é apresentar essa festa tradicional um mês antes, atraindo mais turistas e oferecendo opções de lazer aos moradores, sem a intenção de competir com grandes eventos já consolidados em Campina Grande ou Bananeiras. O prefeito Cícero Lucena também teve a visão de realizar o São João do Verão, em janeiro, na praia de Tambaú, que já reúne um grande público. Estamos atentos ao crescimento do polo turístico em Cabedelo/Lucena/Intermares, que adicionará significativos leitos hoteleiros, e buscamos garantir a qualidade do turismo para que os visitantes continuem retornando a João Pessoa.
No seu entendimento, João Pessoa necessita de novos equipamentos para atender a essa demanda do setor de eventos?
Sem dúvida, a cidade necessita de novos equipamentos. O Polo Cabo Branco, por exemplo, com seus resorts, oferecerá espaços com capacidade para receber grandes eventos, como o Réveillon, em um dos hotéis, com expectativa de público de até 5 mil pessoas. É fundamental ter esses locais disponíveis para garantir a continuidade do fluxo turístico. Além disso, estamos investindo no turismo religioso e na revitalização do centro da cidade. Um dos principais desafios do centro é a falta de estacionamento, e para que os investimentos na área sejam eficazes, é urgente a criação de prédios garagem, em parceria público-privada, para oferecer mais segurança e comodidade aos visitantes.
Como tornar o Centro Histórico de João Pessoa mais atrativo? Como, por exemplo, a questão do Mercado Central, que poderia ser um grande atrativo turístico, uma vez que a gastronomia faz parte da cultura de uma região?
Sim, o prefeito Cícero está empenhado na revitalização dos mercados públicos, não apenas no centro, mas também no mercado de Tambaú, que passará por uma reforma significativa. Pretendemos replicar o modelo da rua gastronômica do Miramar em Tambaú e no centro histórico. Os mercados são importantes centros de arrecadação e têm grande potencial turístico, especialmente pela força da nossa gastronomia. Buscamos oferecer mais qualidade aos comerciantes e melhores condições para receber o público, inspirados em exemplos de sucesso como o mercado público de São Paulo.
E como está a questão da segurança no centro histórico?
A segurança é um pilar essencial e faz parte do projeto de revitalização do centro histórico. Não basta focar apenas nas belezas e na visitação; a segurança é primordial para qualquer cidade que trabalha com turismo. Uma experiência negativa de segurança inibe o retorno do turista. Cícero Lucena tem investido fortemente em segurança, com equipamentos e concursos públicos. A meta é tornar João Pessoa a cidade mais segura do Nordeste e do Brasil, refletindo a importância de sermos o principal destino turístico da Paraíba.
Por fim, secretário, quais os projetos futuros da Secretaria de Turismo para continuar impulsionando o turismo de João Pessoa nos próximos anos?
Já mencionei projetos importantes como o pré-São João e o Natal Luz, que será a primeira capital do Nordeste a ter um evento com neve literal em Tambaú, um projeto que antecipo com entusiasmo. Além do turismo de eventos, a Secretaria foca na qualificação do trade turístico. Estamos trabalhando em um projeto de lei para incluir taxistas e motoristas de aplicativo em programas de reciclagem para o turismo, oferecendo cursos preparatórios, inclusive bilíngues, para que o turista seja cada vez melhor recebido e a comunicação na cidade seja facilitada. Esses cursos são fundamentais para o crescimento do receptivo em João Pessoa.