Turismo virtual surge como alternativa sustentável e inclusiva para o setor de viagens

Turismo virtual em Machu Picchu, Peru / Imagem gerada por IA.

O avanço tecnológico tem transformado a maneira como as pessoas exploram o mundo, consolidando o turismo virtual como uma nova modalidade de viagem. Impulsionada pelos bloqueios globais de 2020 e 2021, essa prática utiliza ferramentas digitais, como headsets de realidade virtual (VR), para criar experiências imersivas sem a necessidade de deslocamento físico. Estudos indicam que, embora diferente do turismo tradicional — que envolve interação sensorial direta —, o formato digital ganhou relevância ao permitir visitas remotas a locais icônicos, como o Museu do Louvre, que registrou mais de 10 milhões de acessos online em poucos meses durante a pandemia.

A sustentabilidade é um dos principais atrativos dessa tendência. O turismo virtual elimina a necessidade de transporte, reduzindo drasticamente a pegada de carbono. Uma viagem de ida e volta entre Paris e Nova York, por exemplo, gera cerca de 1,7 toneladas de CO₂ por pessoa, emissão que é evitada no ambiente digital. Além disso, a modalidade ajuda a combater o excesso de turismo em destinos saturados. A UNESCO, em 2021, lançou tours virtuais de Machu Picchu para diminuir a pressão sobre o sítio arqueológico, preservando o patrimônio e gerenciando o fluxo de visitantes, estratégia que também pode beneficiar locais como Pompeia e a Torre Eiffel.

A acessibilidade é outro ponto forte do turismo virtual. A Organização Mundial da Saúde aponta que 16% da população global enfrenta problemas de mobilidade, grupo que, somado a pessoas de baixa renda e idosos, encontra barreiras para viajar. As opções digitais, livres de custos com passagens e hospedagem, democratizam o acesso à cultura e à exploração. Apesar de equipamentos de ponta como o Apple Vision Pro terem preços elevados, alternativas mais acessíveis, como o Meta Quest 3, indicam uma tendência de redução de custos e maior popularização da tecnologia.

O futuro aponta para uma coexistência entre o real e o virtual. Empresas como Lufthansa e Club Med já utilizam a realidade virtual como ferramenta de marketing para oferecer prévias de destinos e atrair clientes. A inteligência artificial promete refinar ainda mais essas experiências, criando ambientes personalizados e dinâmicos. Embora não substitua a vivência sensorial completa de uma viagem física, o turismo virtual estabelece-se como um complemento educacional e ecológico, ampliando horizontes a partir do ambiente doméstico.

Fabiano Vidal

Técnico em Turismo, Turismólogo, Jornalista, Especialista em Marketing e Publicidade, autor do livro "Do Tambaú ao Garden - A História Moderna do Turismo da Paraíba", agraciado com Voto de Aplausos e a Medalha de Mérito Turístico 2008, ambos concedidos pela Assembléia Legislativa da Paraíba.

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