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| Buenos Aires / Foto de Wesley Souza / Pexels |
Os dados de outubro seguem a mesma tendência, com aproximadamente 1,2 milhão de residentes deixando o país – um aumento de 9,3% em relação ao ano anterior – e menos de 680 mil estrangeiros chegando, queda de 10%. O déficit mensal do turismo atingiu US$ 365 milhões, com gastos domésticos no exterior próximos a US$ 600 milhões e despesas de visitantes internacionais limitadas a US$ 232 milhões dentro da Argentina. Caso o ritmo se mantenha, 2025 superará o recorde anterior de perda cambial no setor, estabelecido em US$ 10,7 bilhões em 2017.
A principal causa apontada é a política econômica do governo do presidente Javier Milei, que conseguiu reduzir a inflação mensal de três dígitos para um dígito, mas gerou uma sobrevalorização real do peso. A consequência é que destinos como Florianópolis, Punta del Este, Santiago e Assunção tornaram-se mais acessíveis para a classe média argentina do que opções nacionais como Mar del Plata, Pinamar ou Buenos Aires. Florencia Fiorentin, economista-chefe da Epyca Consultora, observa que, para quem possui dólares ou acesso à taxa de câmbio oficial, viajar ao exterior tornou-se notavelmente barato, enquanto permanecer na Argentina transformou-se em um bem de luxo.
O impacto no mercado interno é severo, com destinos turísticos emblemáticos registrando quedas acentuadas. El Calafate teve redução de 30% na visitação estrangeira em 2024, e Bariloche contabilizou quase 12% menos pernoites na temporada de inverno. Hotéis de luxo próximos às Cataratas do Iguaçu e em Mendoza reportam quedas de reservas entre 40% e 60%. Especialistas alertam que a perda de US$ 11 a US$ 13 bilhões em fluxos turísticos é insustentável a médio prazo, pressionando as reservas do Banco Central e criando um cenário macroeconômico de risco.
