A superlotação turística é reflexo do despreparo dos destinos, afirma WTTC

Superlotação de turistas preocupa a Europa / Imagem gerada por IA.

Quando ouvimos falar em superlotação turística, muita gente pensa logo em multidões sufocando praias, ruas históricas e atrações famosas. Parece óbvio: tem turista demais. Mas e se o problema não for a quantidade de visitantes, e sim a falta de organização dos destinos?

É exatamente isso que defende o relatório “Managing Destination Overcrowding”, lançado pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC). O documento mostra que a superlotação acontece, na verdade, porque falta investimento, planejamento e diálogo entre governos, empresas e comunidades. Culpamos o turista, mas quem deveria estar preparado para recebê-lo muitas vezes não faz o dever de casa.

O relatório traz um exemplo que serve como um alerta importante: se cidades na Europa decidirem limitar o turismo sem planejamento, podem perder até 245 bilhões de dólares e 3 milhões de empregos em apenas três anos. Ou seja, fechar portas por falta de estrutura pode sair muito mais caro do que resolver o problema com inteligência.

Em vez disso, o relatório da WTTC propõe uma solução clara e simples: trabalhar junto. O setor público precisa criar planos eficientes. As empresas do turismo devem participar e investir nos destinos, e a população local precisa ser ouvida. Só assim será possível evitar que o turismo prejudique o dia a dia de quem mora nos lugares mais visitados.

Outro ponto essencial é entender que cada lugar tem sua própria realidade. O que funciona para Paris não vai funcionar para João Pessoa. Por isso, é preciso pensar em soluções sob medida, feitas com base em dados reais e com a participação de quem vive ali.

A mensagem da WTTC não poderia ser mais direta: o turismo não é o vilão. O que falta é responsabilidade. Se os destinos forem bem planejados e organizados, todos saem ganhando — o visitante tem uma boa experiência, o morador mantém sua qualidade de vida, e a economia local se fortalece. O turismo precisa ser visto como um projeto coletivo, e não como um problema a ser controlado à força.

Chega de culpar quem viaja. A culpa, muitas vezes, está em quem deveria preparar o caminho — e não preparou.

Por Fabiano Vidal - Turismólogo, Jornalista de Turismo, Especialista em Marketing e Publicidade, Doutor em Ciência da Informação e ex-presidente da ABRAJET-PB (2020-2022)

Fabiano Vidal

Técnico em Turismo, Turismólogo, Jornalista, Especialista em Marketing e Publicidade, autor do livro "Do Tambaú ao Garden - A História Moderna do Turismo da Paraíba", agraciado com Voto de Aplausos e a Medalha de Mérito Turístico 2008, ambos concedidos pela Assembléia Legislativa da Paraíba.

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