Tradição do artesanato paraibano, renda renascença se transforma em tema de selos postais no Brasil


Sebrae e Correios lançaram quatro novas estampas homenageando as rendas brasileiras

Uma linha de quatro selos postais homenageando as rendas brasileiras, entre elas a renda renascença, um dos mais importantes símbolos do artesanato da Paraíba, foi lançada esta semana pelo Sebrae e pelos Correios. A apresentação das novas estampilhas foi realizada durante live no canal do YouTube do Sebrae. Participaram do evento de lançamento, entre outras autoridades, o presidente do Sebrae, Carlos Melles, e o presidente dos Correios, Floriano Peixoto. Após o evento, a nova linha já entrou em circulação.

De acordo com o Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), a nova linha de selos destaca quatro tipos de renda: renascença, bilro, filé e irlandesa. A primeira, que tem como seus principais núcleos produtivos o Cariri paraibano e algumas regiões do estado de Pernambuco, usa em sua produção uma fita plana, e não cilíndrica, chamada lacê. Para a sua produção, o artesão trabalha sobre um papel com o desenho da renda.

Já na renda do tipo bilro, o tecido é produzido sobre almofadas cilíndricas, envoltas em um papel grosso, no qual são presos alfinetes ou espinhos de plantas, formando o desenho da renda. Em cada fio a ser trabalhado há um peso ou bilro e as renderias os movimentam rapidamente, entrelaçando-os e tecendo a renda, produzindo uma percussão característica, pelo bater dos bilros.

Por sua vez, a renda do tipo filé é feita sobre uma espécie de malha de linha que se assemelha a uma rede de pesca. Alagoas e Ceará são os principais núcleos produtivos. Já a quarta renda homenageada pela linha de selos é a irlandesa.

Segundo a história, ao contrário do que possa parecer, ela não veio da Irlanda, mas foi trazida e ensinada por freiras irlandesas. Essa renda é produzida entre duas fitas cilíndricas, que são presas sobre o papel onde se fez o desenho da peça.

Ao falar sobre o lançamento da linha, o presidente do Sebrae Nacional, Carlos Melles, destacou que com essa iniciativa cerca de 21 milhões de artesãos e artesãs brasileiros estão sendo homenageados. “Nós estamos referenciando todos que compõem esse mundo tão rico das rendas brasileiras. Essa é uma das pontas da internacionalização das micro e pequenas empresas, principalmente pela riqueza e beleza desse artesanato. Não há quem não se encante pelas nossas rendas”, comemorou o gestor.

Já o presidente dos Correios, Floriano Peixoto, lembrou que os selos são um valioso instrumento para retratar a cultura e a evolução de povos e nações e que a filatelia também é uma forma de contar a história. “Comemoramos a celebração de uma das mais tradicionais atividades da cultura nacional”, frisou Peixoto.

Tradição paraibana - Considerado um tipo de artesanato singular, que nasce do manuseio apenas de linha e agulha, a renda é uma das principais tradições históricas e culturais da Paraíba, especialmente na região do Cariri, onde a renda renascença também é sinônimo de geração de emprego e renda para a população.

De acordo com a gerente regional do Sebrae Paraíba em Monteiro, Madalena Arruda, estima-se que, no estado, mais de três mil rendeiras permaneçam produzindo este tipo artesanato, especialmente nos municípios de Monteiro, Zabelê, Camalaú, São João do Tigre e São Sebastião do Umbuzeiro.

“A renda renascença não se trata de qualquer artesanato, uma vez que exige todo um processo, uma verdadeira trama em seu fazer, que se perpetua de geração em geração no Cariri paraibano. Segundo a história, arabescos, flores e folhas são os principais desenhos que foram passados às artesãs por suas bisavós, avós, mães e tias. Essas mulheres continuam resistindo e preservando esse ofício, que atualmente conta, inclusive, com Indicação Geográfica/Indicação de Procedência, formalizada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI)”, explicou a gerente, ao destacar que não existe, em nenhum lugar do mundo, um número tão expressivo de rendeiras tecendo as tramas da renda renascença no mesmo território, perpetuando assim as suas tradições históricas e culturais.

Fonte: Sebrae PB

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