Turismo americano enfrenta crise com shutdown, mudanças em vistos e queda de gastos internacionais

Chicago / Foto de Eray Altay / Pexels

O setor de turismo dos Estados Unidos atravessa momento crítico em 2025, enfrentando múltiplos desafios que ameaçam sua tradicional posição como motor econômico. O governo americano entrou em shutdown nesta quarta-feira (01) após o Congresso não aprovar a extensão do orçamento federal, paralisando serviços não essenciais e afetando diretamente a experiência turística. A Administração Federal de Aviação afastou 11 mil funcionários temporariamente, enquanto 13 mil controladores de tráfego aéreo continuam trabalhando sem salário. O déficit existente de 3,8 mil controladores pode agravar atrasos e cancelamentos, com passageiros enfrentando filas maiores, inspeções mais lentas e possíveis cancelamentos de voos.

O fechamento de parques nacionais, museus e zoológicos federais representa impacto significativo, com destinos icônicos como Grand Canyon, Yosemite e National Mall em Washington podendo ter funcionamento parcial ou total interrupção. Agências de viagens enfrentam cancelamentos de excursões, enquanto hotéis e restaurantes em áreas de grande visitação podem registrar queda no fluxo turístico. Além disso, entraram em vigor mudanças no processo de emissão de vistos americanos, exigindo que a maioria dos solicitantes de vistos não imigrantes compareça presencialmente a entrevistas consulares, revertendo a política de dispensa adotada durante a pandemia e afetando categorias como turismo, estudos, trabalho e intercâmbio.

O Congressional Research Service projeta queda de 5% tanto no número de visitantes estrangeiros quanto nos gastos relacionados às viagens em 2025. O World Travel & Tourism Council estima que os gastos de visitantes internacionais devem cair de 181 bilhões de dólares em 2024 para menos de 169 bilhões em 2025, representando perda de 12,5 bilhões de dólares. A nova taxa de visto de 250 dólares, prevista para outubro, afeta especialmente países como o Brasil, que não fazem parte do programa de isenção de vistos. Apesar dos desafios, o Brasil mantém posição relevante como quarto maior emissor de turistas para os EUA no primeiro trimestre de 2025, com quase meio milhão de brasileiros cruzando as fronteiras americanas, crescimento de 5% em relação ao mesmo período de 2024.

Em agosto de 2025, diversos estados americanos registraram quedas nas chegadas turísticas, refletindo tendência de retração que se estende por oito meses consecutivos. Massachusetts apresentou diminuição de 1,73% totalizando 455 mil visitantes, enquanto Illinois, Missouri, Novo México, Kentucky e Kansas também enfrentaram declínios. Kansas registrou a maior retração do mês com queda de 53%, totalizando apenas 66 chegadas, enquanto Texas e Flórida sofreram quedas de 1,1% e 6,7% respectivamente. O comércio americano sente os efeitos da redução nos gastos dos turistas internacionais, especialmente brasileiros tradicionalmente conhecidos pelo alto poder de compra.

Fabiano Vidal

Técnico em Turismo, Turismólogo, Jornalista, Especialista em Marketing e Publicidade, autor do livro "Do Tambaú ao Garden - A História Moderna do Turismo da Paraíba", agraciado com Voto de Aplausos e a Medalha de Mérito Turístico 2008, ambos concedidos pela Assembléia Legislativa da Paraíba.

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